Muitos dos países do mundo lusófono consideram-se irmãos e é verdade que as semelhanças culturais, para o bem e para o mal, são de facto mais do que evidentes.
Ao longo da minha vida empresarial, dividida entre Portugal, Angola e o Brasil, uma das coisas que mais me tem chocado é a constante falta de interesse por parte dos decisores do sector privado em apoiar as empresas do seu país.
Mesmo em Angola, um país com uma crise de divisas enorme, e em que aceder a moeda estrangeira é praticamente impossível, com uma taxa de desemprego demasiado elevada, alguns decisores das maiores empresas continuam a privilegiar a escolha de empresas estrangeiras pagas em divisas para executar os seus trabalhos, quando existem empresas angolanas com a mesma ou até com maior competência.
Isto é um crime. Como se todas estas decisões juntas não estivessem a contribuir para o não desenvolvimento de uma economia. Sinceramente não entendo se é falta de patriotismo, irresponsabilidade, provincianismo ou outra razão.
Os decisores privados das maiores empresas, em cargos de topo, intermédios ou baixos, têm de ter a consciência que cada decisão que tomam contribui para gerar mais um, ou menos um emprego.
Todos os países lusófonos encontram-se numa situação semelhante, em que os desafios são grandes. Os próximos anos dirão se as nossas economias fazem parte de um pelotão da frente mundial ou se ficamos irremediavelmente para trás.
É por isso tempo para apostar no desenvolvimento das economias lusófonas e isso passa por cada uma das decisões que tomamos no dia a dia, sejamos nós empresários, decisores de topo ou intermédios, ou simplesmente consumidores.
É tempo de fazermos a nossa parte.